Tecidos asiáticos, taoismo e a “pequena utopia” de Emily Dickinson
Tecido de origem turca pintado à mão, parte da exposição “Asian Textiles”, da filial sul do Museu do Palácio Nacional em Taiwan (Foto: Southern Branch of the Taiwan National Palace Museum)
Será que Emily Dickinson teria ficado fascinada com as intrincadas estampas orientais como eu estava? Tinha a pergunta em mente ao ver padrões de Paisley, Escócia, na exposição Asian Textiles na filial sul do Museu do Palácio Nacional, em Taiwan, em dezembro de 2021. Por viver em uma ilha (sub)tropical, à beira do oceano Pacífico, sempre fico hipnotizada pelo arrojado uso de cores e formas presentes nos tradicionais tecidos orientais dos meus países vizinhos. Ainda assim, foi uma surpresa descobrir, durante minha pesquisa de pós-graduação sobre Dickinson, como a Ásia muitas vezes servia de modelo da mais extrema alteridade cultural para os Estados Unidos de meados do século 19.
Dickinson certa vez traçou uma analogia entre “Novelas orientais” e “dialetos dinamarqueses” no poema “Assuntos Novos, sempre enviados”, ambos “fábulas”, e ainda assim incompreensíveis. Em outro poema, evocou novamente o mistério da padronagem têxtil oriental para explicar a mente de Deus:
Sua Mente, como Panos do Oriente –
Exibidos para o desespero –
De todos só aqui e ali
Uma humilde Freguesa –
Pois mesmo que seu preço não seja Ouro –
Há um que é mais árduo –
Esse compreenderá o valor,
Que era todo o preço que havia –
Os sofisticados padrões dos tecidos orientais, juntamente com o afastamento geográfico da Ásia, parecem encarnar a radical diferença de perspectiva do Oriente e o gesto em direção a um horizonte limiar e fronteiriço com o desconhecido, sempre a recuar. Para os habitantes da Nova Inglaterra, como Dickin
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »