Suspense sem fim
Como forma de escapar da morte certa destinada a todas as esposas do rei Xariar (Sahriyar), embriagado pela insegurança que a traição da sua primeira amada lhe garantiu, Xerazade (Sahrazad) conta histórias que atravessam o serão das noites para atiçar a curiosidade do rei, interrompendo-as a cada amanhecer que ameaça sua vida.
Essa coleção de histórias, conhecida como As Mil e Uma Noites ou O Livro das Mil e Uma Noites, como assim propõem as novas edições da Editora Globo, abrange o folclore indiano, persa e árabe num conjunto de contos que já foram vítimas de diversas adulterações no decorrer dos anos. Em iniciativa inédita, o professor de língua e literatura árabe na USP Mamede Mustafa Jarouche vem traduzindo para o português a obra na íntegra, que agora chega ao quarto e último volume.
Em entrevista à CULT, Jarouche destrincha o processo arqueológico da tradução de manuscritos, apresenta as novas facetas da literatura contemporânea e denuncia o preconceito generalizado contra os árabes.
CULT – Quais foram os maiores desafios desta nova tradução?
Mamede Mustafa Jarouche – O livro tem uma longa história de manipulações, adulterações e acréscimos devido ao tamanho e ao seu próprio caráter onívoro: suas características formais permitem que qualquer coisa seja incorporada a ele. O livro tem várias etapas, varias camadas textuais, por assim dizer. Tentar explorá-lo, quando se está trabalhando com camadas textuais, é um trabalho de arqueologia e escavação, assim como o trabalho de pesquisa em manuscrito.
Nesse se
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