Subjetividade como capital na era do capitalismo mental

Subjetividade como capital na era do capitalismo mental
Gravura anônima do século 19 mostrando Abu Kasem enterrando seus sapatos (Wellcome Collection)
  Filosofia da avareza” (Philosophie des Geizes) é sinônimo do “espírito do capitalismo” em Max Weber (1864-1920). A expressão aparece entre aspas em sua obra mais famosa (A ética protestante e o “espírito” do capitalismo) no contexto de uma crítica a Benjamin Franklin, conhecido pela célebre sinonímia entre tempo e dinheiro. Weber usa uma frase de Kürnberger para explicar o capitalismo como uma “ética”, o que pode também ser uma moral, ou seja, como uma forma de viver a partir de um princípio que orienta a conduta. Trata-se da frase “do gado se faz sebo; das pessoas se faz dinheiro”, que precisamos analisar. A ética ligada ao espírito do capitalismo implica uma posição, a da avareza, pela qual tudo deve ser reduzido a dinheiro, como Weber viu em Benjamin Franklin. Isso significa que tudo deve encontrar seu estado de liquidez. No resumo de Kürnberger, o ser humano, reduzido a produtor de dinheiro, é equiparável ao gado, reduzido a sebo. Ora, se o gado está para o ser humano como o sebo está para o dinheiro, isso só é possível pelo “éthos” da avareza. Em outras palavras, o ser humano só se torna fungível com o gado e, como ele, “liquefeito” a partir de um processo. O princípio que conduz esse processo de liquefação é a avareza. Ela funciona como o combustível da máquina de subjetivação do trabalhador e do empresário da qual o sistema capitalista depende para sobreviver. Por isso, devemos nos perguntar o que pode a avareza. Em que sentido, ou de que maneira, a avareza conduz à transformação de um

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