Somente os bárbaros podem se defender
Há 70 anos, o fim da Segunda Guerra preparava o mundo para a guerra civil do cotidiano
I. Are we mad?
A terra é azul fosforescente
Moscou, 9 de maio de 2008. Estação de metrô Парк Победы (Park Pobedy, “Parque da Vitória”). Nas extremidades do longo corredor principal da estação, descubro que a Rússia faz questão de se lembrar das barricadas de sua história com dois painéis emblemáticos.
O painel à direita retrata o Príncipe e Marechal-de-campo Mikhail Ilariónovitch Goleníschev-Kutúzov (1745-1813) secundado por seu Estado-Maior. A data do painel é inequívoca: 1812. Kutúzov e seu Alto Oficialato são os heróis da resistência à invasão das tropas francesas comandadas por ninguém mais que Napoleão Bonaparte.
O painel à esquerda leva a Praça Vermelha, o coração de Moscou, à estação Parque da Vitória. Soldados soviéticos são ovacionados, mulheres, crianças e idosos se abraçam em êxtase, flores e boinas vão ao ar, um jovem embasbacado ainda não acredita no que os alto-falantes do Kremlin acabam de anunciar:
- Camaradas, o dia de hoje entra para a história! Nosso Exército Vermelho acaba de coagir a besta fascista à capitulação incondicional, o III Reich já não existe mais! 9 de maio de 1945 passa a ser o Dia da Vitória, camaradas, a Grande Guerra Patriótica acabou! Viva o Guia Genial dos Povos que nos alçou da invasão fascista à vitória final, camaradas, viva o grande Stálin!
Para a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), não houve a Segunda Guerra Mundial, mas a Grande Guerra Patriótica (1941-1945). Em 1939, às vésperas da invasão nazista à Polônia, o III Reich
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