Lógica do sacrifício

Lógica do sacrifício
Os autores Henri Hubert e Marcel Mauss (Arte Andreia Freire)
  Chegado então o dia do sacrifício, tendo-se ordenado o espaço da cerimônia e o tempo dos procedimentos, começa-se por consagrar a vítima – meio de concentração e núcleo de irradiação de forças ambíguas e expansivas, de vida e de morte, como sói acontecer com a liberação de forças religiosas. “Depois faz-se que as energias nela suscitadas e concentradas escapem, umas em direção aos seres do mundo sagrado, outras em direção aos seres do mundo profano. A série de estados pelos quais passa a vítima poderia ser então figurada por uma curva que se eleva a um grau máximo de religiosidade, no qual permanece só um instante, e daí torna a descer progressivamente” (p. 39).  Assim se poderiam resumir em seus traços essenciais, esquema bastante simples, os numerosos ritos de entrada praticados sobre a vítima; os de saída, porque simétricos, farão vezes de contrapeso. Acrescente-se: esse esquema varia segundo as funções gerais (capítulo 3) e as funções especiais (capítulo 4), sempre conforme os efeitos e eficácias esperadas do ato, tudo de modo a que o leitor esteja a um passo de ingressar no seguinte capítulo, ali onde a forma acabada de uma evolução histórica apresenta o próprio deus, oferto em sacrifício específico de expiação; afinal, não é de hoje que a vítima do sacrifício expiatório, assim como seu “poder temível”, é mais sagrada que o executor. Ora, que tipo de lógica preside a forma e a organização de um fato social tão complexo e arcaico como a instituição ora designada pelo nome de sacrifí

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