Privado: Sem fronteiras

Privado: Sem fronteiras
por Ricardo Ramos Filho O mundo cá tem fronteira. O meu entusiasmo com o livro é antigo, começou ainda antes de ser publicado, quando tive a felicidade de ler os originais. Eles me foram mostrados com timidez injustificada pelo amigo Paulo Rafael. Mereciam soberba impossível de ser demonstrada por pessoa de tão bom caráter. O texto é magnífico, e a Editora Melhoramentos acertou em cheio ao decidir publicá-lo. Mais do que isso, deu-lhe tratamento diferenciado, oferecendo cuidado extremamente profissional a cada um dos detalhes. Projeto gráfico impecável, ilustrações deslumbrantes de Graça Lima, tudo feito com extremo bom gosto. A história, e aí torna-se interessante a questão da existência inexistente de fronteira, permite que nos aventuremos em terras brasileiras e cabo-verdeanas ao mesmo tempo. Se o mundo ainda tem fronteiras, elas já não são tão evidentes. Os ecos das nossas leituras, ao se misturarem, formam um todo capaz de saltar as barreiras da nacionalidade. Se para Fernando Pessoa a pátria é a nossa língua portuguesa, nada mais natural do que encontrarmos América, África e Europa como um lugar só. Em O mundo cá tem fronteira, Graciliano Gozado, o menino Grapiúna, o Boi Beleza, Axir, Nêmus, Artis e Blimundo voam alto unindo Cabo Verde, Brasil e Portugal. Paulo Rafael, Jorge Amado, Saramago e Graciliano Ramos na mesma geleia geral, caldo cultural rico em que o professor parece um velho marinheiro. Quando Carol Crioula ouve “Um creo bô tcheu, um creo bô tcheu” e responde “Eu também te amo muito!”, impossível não sentir s

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