Noemi Jaffe, Fabio de Souza e Rodrigo Lacerda: rumos literários do Brasil
Coletiva Pedro Juan Gutiérrez no 3º Congresso de Jornalismo Cultural (Sesc em São Paulo)
A quarta palestra do segundo dia do 3° Congresso Internacional de Jornalismo Cultural levantou questões acerca da literatura brasileira. Com a bancada ocupada pela escritora e professora da PUC-SP Noemi Jaffe, o professor de literatura da USP Fabio de Souza Andrade e o escritor e jornalista Rodrigo Lacerda, o poder social da literatura e as possibilidades literárias hoje foram colocados em discussão.
“A principal função da literatura é a do Estado, do governo, dos órgãos competentes que devem assumir a responsabilidade de fazer com que a literatura chegue a cada vez mais pessoas”, afirmou Noemi Jaffe, que acredita que a função social do produto literário é fundamental para o desenvolvimento da sociedade. “Quando as pessoas lêem, a função social da literatura está sendo cumprida. Não acho que além dessa haja alguma outra função social mais específica ou dirigida, do que ela estar disponível para quem quiser, e para as pessoas que ainda não querem possam querer”, complementou.
Quando o foco se voltou para produção contemporânea, Fabio apontou a estetização. O professor acredita que a literatura contemporânea “é aquela que mergulha no presente” e que “os projetos monolíticos não vigoram mais”. Já Noemi acredita que “não tem uma literatura brasileira atual. Hoje se produz tanto, em tantos lugares, que é impossível dizer que haja uma. A gente conhece mal a literatura do sudeste”.
A crítica especializada, segundo Fábio, está inserida na mesma crise de foco da qual a produção literária também sofre. Especialmente em um cenário cuja proliferação de novos escritores é cada vez maior. Além disso, o escritor e jornalista Rodrigo Lacerda pontuou a presença do livro e seu impacto como sendo algo derivado do momento, e listou três valores que, para ele, formam um conjunto essencial: estético, histórico e emocional. “Esses três valores se combinam. O cômputo final é o que importa”.
A palestra teve início às 17h, terminou às 19h e a mediação ficou a cargo da jornalista do jornal O Estado de S. Paulo Raquel Cozer.
(2) Comentários
Também sou graduado em Letras e na instituição em que estudei os estudos literários pararam no modernismo. Particularmente, gosto da literatura feita neste período e de alguns autores anteriores também, mas eles fazem parte de uma literatura que já está consagrada. Quase intocável. O que se escreve hoje sobre estes autores do passada é quase sempre reafirmando seus lugares de destaque.
Não proponho derrubar nenhum pilar de nossa literatura, mas senti falta em minha graduação de disciplinas que dessem conta do panorama atual, mesmo que fosse algo apenas questionador e não reafirmador. Entendo que o que se produz hoje divide opiniões e o que pode ser considerado grandioso hoje pode não sobreviver ao tempo a às críticas futuras, mas é importante pensar a respeito.
Nos últimos tempos venho prestando atenção na crítica cinematográfica e ela vem me ajudando a entender um pouco da crítica literária. Algumas coisas se tornam mais claras depois que tomamos um certo distanciamento. Cursei um ano de Artes Visuais e o que aprendi lá me ajudou a entender melhor o mercado literário, coisas que meu curso de Letras não me mostrou, por estar sempre preocupado em reafirmar a importância de certos autores, ou por querer discutir apenas questões textuais, mas nunca mercadológicas.
Se hoje consegui compreender melhor tudo que foi dito nesta palestra, isso se deve a meu ano no curso de Artes Visuais, que me ajudou a entender o que está por trás do mercado da arte e como alguns conseguem chegar à posteridade e outros morrem no caminho.
Parabéns aos particimpantes!
Adoro as dicas literárias que fica nessa tensão pré-Flip, que sempre me emociona. E agora sou eu q gostaria de indicar um livro que acabei de ler, o Negro Amor, de Ricardo Bellissimo. É sensacional, adorei, vcs deviam dar destaque para este autor maravilhoso. Bom dia a todos, Maria Alice Korda