Roberto Schwarz, o cinema e nós

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Roberto Schwarz, o cinema e nós
Nelson Xavier no filme Os fuzis (1964), de Ruy Guerra (Acervo Cinemateca Brasileira)
  Ainda não é bem conhecida no Brasil a trajetória de críticos de cinema bissextos, como Roberto Schwarz. Sua estreia ocorreu com o artigo “8 ½ de Fellini: O menino perdido e a indústria”, publicado em 1965 no primeiro número da Revista Civilização Brasileira e incluído no mesmo ano no livro A sereia e o desconfiado. A revista também trazia um debate de Alex Viany, Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha, intitulado “Cinema Novo: Origens, ambições e perspectivas”. O contraste temático sugere a singularidade de Schwarz, cujo interesse por Federico Fellini destoava da promoção do Cinema Novo. Vale lembrar que, anos antes, em depoimento à revista Senhor, cinemanovistas convergiram nas críticas a Fellini, visto como emblema do aburguesamento do Neorrealismo italiano. Schwarz se refere a esse mal-estar, mas propõe um caminho próprio de análise do filme 8 ½ (1963), expresso em suas menções a Walter Benjamin. Referência singular a essa altura, Benjamin remete a um traço definidor desse crítico de cinema: a apropriação ambivalente da linguagem audiovisual, que tem o condão de explicitar a configuração da indústria cultural da qual participa. Assim, mais que um alter ego, o “menino perdido” de Fellini é uma invenção cinematográfica que nos permite extrapolar o filme: “O cinema, com a atmosfera que o envolve, introduz uma constelação prática para a qual os conflitos burgueses são letra morta. Por forte que seja o senso disso, isso não é fácil de comprovar, pois trata-se do horizonte efetivo, mas nunca explicitado,

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