Revisão de história

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Revisão de história
“Abolição da escravatura” (1888), tela de Victor Meirelles que retrata o momento da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. Não se distinguem figuras negras na imagem
  Criaturas dóceis, cuja liberdade foi bondosamente dada pelos brancos, que, afinal, nem eram tão brutos assim. Desde pelo menos o século 19, pessoas negras no Brasil foram comumente retratadas em livros didáticos por meio da reprodução de estereótipos raciais, do apagamento de suas identidades e da relativização da violência. Em janeiro de 2003, a Lei n. 10.639 instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras na educação básica, um marco da demanda histórica pela reavaliação dos currículos escolares no país (em 2008, a Lei n. 11.645 também contemplaria o ensino de história e cultura indígenas). Vinte anos depois, como a proposta de uma educação antirracista foi absorvida nas universidades e nas escolas? É preciso um recuo no tempo para entender quais interpretações históricas da realidade brasileira estavam em jogo nas disputas pela memória. A história dos livros didáticos no país permite compreender como a escola foi, por vezes, reprodutora de estruturas racistas. No acervo do Laboratório de Ensino e Material Didático da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, é possível encontrar um conjunto de representações marcadas pela distorção ou pelo silenciamento da história de populações negras. Em 1899, Pátria, de João Vieira de Almeida — narrado como uma história contada pelo avô ao neto —, indicava uma suposta dívida dos negros com a princesa Isabel, que assinara a Lei Áurea 11 anos antes. “A raça negra, portanto, no Brasil, tem a rigorosa obrigação de venerar a memó

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