República de Paraisópolis
Gilson Rodrigues comanda reunião e distribui cestas básicas na Arena Palmirinha, em Paraisópolis (Foto: Caio Caciporé)
O Brasil passa dos 80 mil mortos por Covid-19 e, nas casas da classe média, as pessoas discutem se vão ou não para a rua. Os dados mostram que os números do isolamento social caem e, logo nas primeiras frestas, um grande número de pessoas decide que a rua é um lugar seguro outra vez. Quem não se lembra do tal bar no Leblon, que no dia 3 de julho aparentava a rotina de uma noite comum de verão, com mais de uma centena de pessoas aglomeradas nas calçadas? A rotina começa a procurar os rastros do novo normal. Dez dias depois, em 13 de julho, o relógio marcava 14h56 quando Gilson Rodrigues pediu para interromper por um minuto a conversa telefônica que estava tendo com a Cult.
“Boa tarde, comunidade. Primeiro, muito obrigado por terem vindo até aqui. Aqui é o Pavilhão Social, uma das seis bases de atuação nossa aqui na comunidade. Ali, acontece o projeto Mãos de Maria, são mais de 10 mil marmitas sendo distribuídas por dia. Ali fica a coordenação, ali embaixo fica a ambulância, e ali do lado uma fábrica de máscaras...” A interrupção durou cerca de oito minutos, tempo em que ele explicou aos moradores de Paraisópolis, uma das favelas mais conhecidas e populosas do Brasil, detalhes da estratégia local de enfrentamento à pandemia.
Na zona sul de São Paulo, a comunidade conta com cerca de 100 mil habitantes – apenas 324 municípios dos 5.570 que formam o Brasil ultrapassam essa marca, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não é estranho, portanto, descobrir que, para os moradores de
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