Reencontro da Piedade
Cem anos depois, Euclides da Cunha fica frente a frente com seu assassino
Um casal, um adultério e uma tragédia. Em uma situação hipotética, os três envolvidos nesta história se encontram cem anos depois para conversar sobre o ocorrido. Este é o tema da peça Piedade, que resgata alguns momentos do episódio conhecido como “tragédia da Piedade”, que aconteceu no bairro da Piedade (RJ) e culminou com a morte do jornalista e escritor Euclides da Cunha, em 1909.
O escritor foi casado com Anna, que o traiu com Dilermando, com quem teve cinco filhos. A diretora da peça Johana Albuquerque explica que “o crime ocorreu depois que Anna resolveu sair de casa, porque naquele momento a honra de Euclides foi atingida ferozmente para a ética e a moral da época. Ele teve que responder à altura, por isso, foi armado encontrar com o amante da esposa e disse que chegou para matar ou morrer. Mas Dilermando era campeão de tiro e Euclides acabou morrendo”. Seis anos depois, o filho do escritor, Euclides da Cunha Filho, foi vingar a morte do pai, mas teve o mesmo destino.
A parte documental da peça se baseia em registros e livros deixados pelas famílias de Dilermando e de Euclides. Segundo Johana, essas obras “tentam achar um culpado para a história”. Entretanto, a proposta da peça não é abordar a tragédia, mas promover um reencontro entre os envolvidos no caso, para que eles possam “se redimir e reconstruir suas imagens”. Durante as pesquisas sobre o episódio, “ficou uma lacuna e uma necessidade de entender esses personagens de uma maneira mais íntima, com um olhar sobre como é que os relacionamentos vão se perdendo dentro do próprio casamento”, conclui Johana.
Tragédia da Piedade
Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo
Quarta a sábado, às 19h30. Domingo, às 18h
até 21 de março
R$15