Rede independente: as iniciativas que produziram esperança em 2017

Rede independente: as iniciativas que produziram esperança em 2017
Fachada da Casa1, que acolhe LGBTs em situação de rua, no bairro da Bela Vista em São Paulo (Reprodução)

 

A convite da CULT, militantes, artistas e agentes culturais indicam iniciativas que, mesmo em tempos de perda de direitos, promoveram cidadania e resistência:

Iniciativa: Cantando nos Terreiros do Povo
Quem indica: Maria Valéria Rezende, escritora
O que é: Grupo de músicos paraibanos voluntários que buscam preservar a cultura rural
Por que é importante: “Os músicos viajam para comunidades rurais e começam uma grande festa. Isso provoca os moradores: quem toca sanfona corre buscar o instrumento, quem faz repente se anima a fazer versos. O projeto revela ao próprio povo sua riqueza: a tradição do repente, o cordel, a música, a contação de histórias. Só o povo é capaz de renovar este país, e um projeto como este recupera a noção de povo. Ou devolvemos a ele sua autoestima ou entramos pelo buraco”.
Para participar e saber mais: Visite o grupo da iniciativa no Facebook

Iniciativa: Aparelha Luzia
Quem indica: Preta Rara, rapper e arte-educadora
O que é: Centro de cultura afro-brasileira
Por que é importante: “Um quilombo urbano localizado no centro de São Paulo. Produz cultura negra por meio da música, da arte, da política e até mesmo da alimentação. Lugar de existência e resistência negra”.
Visite: Rua Apa, 78, Barra Funda, São Paulo – SP

Iniciativa: Rádio Yandê
Quem indica: Vincent Carelli, documentarista
O que é: Emissora gerida por jovens indígenas do Rio de Janeiro
Por que é importante: “A rádio é mantida de forma autônoma por jovens que saíram de suas aldeias para cursar a universidade. Ali, exercem um jornalismo sobre as questões indígenas e difundem a sua cultura. Neste momento de perda de direitos, podemos aprender muito com eles, que já perderam direitos há tanto tempo e seguem resistindo”.
Saiba mais: visite o site da rádio 

Iniciativa: Mulheres que escrevem
Quem indica: Jarid Arraes, escritora
O que é: Grupo que promove trocas entre escritoras
Por que é importante: “Além de contar com espaços online para a publicação, o grupo também organiza eventos gratuitos sobre mulheres que escrevem. Tem ajudado na amplificação das vozes de autoras independentes”.
Saiba mais: visite a página da iniciativa no Facebook

Iniciativa: #EuEmpregadaDoméstica
Quem indica: Erica Malunguinho, ativista e criadora da Aparelha Luzia
O que é: Página no Facebook que divulga casos de abuso sofridos por empregadas domésticas
Por que é importante: “A iniciativa da rapper Preta Rara tem a missão de ajudar trabalhadoras a denunciarem abusos praticados pelos empregadores. A campanha abre um espaço para a escuta das narrativas dessas mulheres, em geral negras. Isto é um passo importantíssimo para que realmente aconteçam transformações nas relações trabalhistas, já que, até hoje, elas carregam laços com a escravidão”.
Saiba mais: visite a página da iniciativa no Facebook

Iniciativa: Casa 1
Quem indica: Camila Mota, atriz
O que é: Centro de acolhimento de LGBTs em situação de risco
Por que é importante: “O espaço se divide em sala de cursos, local de exposições e biblioteca. As atividades são abertas num processo de integração entre pessoas LGBT e a comunidade, quebrando abismos entre gerações, identidades e pensamentos. A Casa 1 é um importante ponto de troca de conhecimento”.
Visite: Rua Condessa de São Joaquim, 277, São Paulo – SP

Iniciativa: Mulheres Cabulosas da História
Quem indica: João Pedro Stedille, líder do MST
O que é: Página no Facebook que aborda a trajetória de mulheres importantes da política, das artes e da ciência
Por que é importante: “É uma iniciativa das meninas do Levante Popular da Juventude, que organizaram um processo de recuperação das mulheres inspiradoras do Brasil. Foi uma bela forma de envolver muitas militantes da juventude”.
Saiba mais: visite a página da iniciativa no Facebook 

Iniciativa: 30 Dias por Rafael Braga
Quem indica: Iran Giusti, jornalista e criador da Casa 1
O que é: Campanha pela libertação de Rafael Braga, único preso nas manifestações de 2013
Por que é importante: “Promoveu 30 dias de programação sobre racismo e direitos, sem apoio de empresas ou do Estado. Levantou debates muito importantes sobre racismo. Acho que essa foi a maior iniciativa de 2017”.
Saiba mais: visite o site da campanha

Iniciativa: A Craco Resiste
Quem indica: Suzane Jardim, historiadora e integrante da campanha 30 Dias por Rafael Braga
O que é: Coletivo que leva cultura e lazer para a região da Cracolândia, em São Paulo, e denuncia a violência policial
Por que é importante: “Em 2017 realizou atividades e promoveu vigílias para alertar os moradores de possíveis ações policiais violentas. Contribuiu para revelar que a Cracolândia é muito mais marcada pela questão da pobreza e desigualdade do que pelo uso de drogas”.
Saiba mais: visite a página da iniciativa no Facebook

Iniciativa: SSEX BBOX
Quem indica: Natalia Mallo, diretora de teatro
O que é: Projeto que procura dar visibilidade às questões LGBT
Por que é importante: “Encontros de acadêmicos, ativistas, artistas e trabalhadores sexuais. É importante dado o momento político em que temas como a educação sobre questões de gênero nas escolas são relegados ao ostracismo por forças políticas conservadoras”.
Saiba mais: visite o site da iniciativa

Iniciativa: Corote & Molotov
Quem indica: Daniel Mello, de A Craco Resiste
O que é: Time de futebol de várzea organizado por moradores de ocupação na zona leste de São Paulo
Por que é importante: “O povo de rua é atacado por todos os lados pelo poder público e também pelos moradores e comerciantes de diversos bairros, que encorajam a polícia a ser ainda mais violenta. O Corote surge como uma forma de resistir a isso. Também ressignifica o futebol como entretenimento popular”.
Visite: Viaduto Alcântara Machado, Brás, São Paulo – SP

Iniciativa: Casa do Povo
Quem indica: Tales Ab’Saber, psicanalista
O que é: Centro que oferece atendimentos gratuitos de psicanálise
Por que é importante: “É base para a ação política de muitos artistas, movimentos sociais, pessoas ligadas ao teatro, à dança, a práticas de cuidado e à psicanálise. Ao oferecer aos frequentadores o cruzamento entre arte, política e clínica – esferas que normalmente estão separadas –, a Casa promove novas formas de ver e resistir ao mundo, algo de importância extrema na vida da cidade e do Brasil atual”.
Visite: Rua Três Rios, 252, Bom Retiro, São Paulo – SP


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