Raízes do estrangeiro

Raízes do estrangeiro
O irmão alemão, livro de Chico Buarque (Divulgação)
  Desde a publicação de Estorvo, em 1991, Chico Buarque vem alternando o lançamento de álbuns de canções inéditas, seguidos de turnês, e a publicação de um livro. Nas últimas semanas foi lançado O irmão alemão, seu quinto romance.    É  inegável que Chico Buarque tenha se firmado como um dos escritores mais talentosos e relevantes do cenário nacional. A prosa perturbada de Estorvo, que mescla atmosfera onírica e realidade com maestria, daria o tom das outras narrativas, fundando um estilo. O irmão alemão, sobretudo no que concerne à perturbação do narrador-personagem, lembra muito aspectos do primeiro romance de Chico. Mas não só. O novo livro tem um pouco de cada um dos anteriores: a presença da política e dos dispositivos audiovisuais como em Benjamim; a dimensão especular, a profusão (e confusão) de línguas e a ousadia no modo de lidar com realidade e ficção como em Budapeste; a imersão nas raízes da família como em Leite derramado. O romance se insere em um gênero em voga, mas cuja expressão-título é polêmica: autoficção. Ocorre que as semelhanças entre a história narrada e a história do próprio autor são nítidas. O narrador chama-se Francisco de Hollander (ou Ciccio), filho de Sergio de Hollander e, em meio a eventos truncados, busca obstinadamente por seu irmão alemão, fruto de um relacionamento de seu pai, Sergio, com uma alemã quando, ainda solteiro, passou alguns anos morando em Berlim. Sergio Buarque de Holanda realmente teve um filho na Alemanha no período em que lá viveu. Ao longo do romance, incl

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