A potência pós-urbana
Professora de estética na USP, Otília Arantes lança Chai-na, onde mostra como a urbanização desenfreada de Xangai e Pequim está criando um novo modelo de civilização
Professora aposentada de estética na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Otília Arantes acaba de lançar Chai-na, um primoroso ensaio de interpretação e crítica à megaurbanização em curso na China, país que ameaça tomar a liderança dos Estados Unidos na cena econômica e geopolítica. O título do livro faz alusão a uma duplicidade aparentemente casual, mas muito sintomática: a pronúncia inglesa de China –“chai-na” – quer dizer, em mandarim, “demolir aí”. Para ela, o imperativo capitalista sintetizado nessa palavra não deixa também de cumprir o imperativo dos tempos da Revolução Socialista: destruir para construir. Arantes também comenta a analogia entre as Olimpíadas de Pequim – vendidas mundialmente como símbolo da nova China – e o discurso ideológico, hoje tão repetido no país que se prepara para receber a Copa de 2014 e os Jogos de 2016, sobre os “megaeventos” e seus supostos legados para a população das grandes cidades.
Revista CULT: Na nota explicativa, a senhora diz que partiu de “antigas experiências de mundos sonhados que foram desmoronando ao longo de mais de um século de ruínas do futuro”. A que experiências se refere e como elas mudaram seu olhar sobre a China?
Otília Arantes: A motivação mais imediata foi, obviamente, o anúncio das grandes obras para as Olimpíadas de Pequim – equipamentos, infraestruturas e inter
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