Porta-voz em meio ao caos
(Renato Parada/Companhia Das Letras)
Aos 65 anos, pai de dois meninos, Marcelo Rubens Paiva mantém o olhar jovial. Ágil em sua cadeira elétrica, parece estar à vontade no mundo, mesmo com todas as preocupações que o mundo inspira. Popular e carismático, sempre dedica um minuto de atenção a todos em volta. Na piscina do prédio em que mora, em Perdizes, bairro nobre de São Paulo, onde acontece a entrevista, não é diferente.
Seu prédio serviu de locação para o filme Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles Jr. Vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro no papel central, o filme é baseado no livro autobiográfico homônimo, em que Marcelo conta a trajetória de sua mãe depois de perder o marido para os porões da ditadura.
Numa conversa franca e espontânea, o escritor e dramaturgo fala sobre o filme e sua participação nele, sobre o fechamento da rede social X no Brasil, sua banda de rock, inteligência artificial e a luta pelos direitos das pessoas com deficiência. E fala do seu próximo livro, que deve sair no começo de 2025.
Como você acha que as novas gerações vão receber o filme Ainda estou aqui? Sei que você se preocupa com a preservação da memória.
Eu nem gostaria de ter de ficar lembrando tudo o que aconteceu com minha família. Mas é preciso. Porque não houve julgamento, as pessoas esquecem, recentemente as pessoas estavam defendendo a volta do regime militar, defendendo o AI-5, defendendo torturadores, dizendo que aquilo não aconteceu. Então é uma missão que eu me dei, eu e minha fam
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