Por uma terapêutica não dualista, com psicodélicos
“Cogumelos psilocibinos: 2 chapéus de cogumelos cobertos com chocolate”, da série “Sob influência” (2001), Bryan Lewis Saunders. Segundo o artista, essa obra está inacabada pois “depois que pixels brilhantes começaram a voar de seus olhos e de seu rosto, foi muito difícil focar no desenho”
Edardo Schenberg é um dos pesquisadores que compõem a vanguarda da ciência psicodélica brasileira. É também um dos primeiros empreendedores brasileiros da “nova psicodelia terapêutica”.
Doutor em neurociência pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador honorário da Imperial College de Londres, Schenberg trouxe para o Brasil parte de uma pesquisa internacional promovida pela ONG estadunidense MAPS, que testou, em pacientes voluntários, um modelo pioneiro de psicoterapia com MDMA, ou metilenodioximetanfetamina, para tratamento de transtorno de estresse pós-traumático. Criou e preside o Instituto Phaneros, dedicado à pesquisa e à formação de profissionais na área das terapias psicodélicas.
Qual é o cenário da saúde mental no mundo e no Brasil?
Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já projetava que a saúde mental seria o maior desafio sanitário global do século 21. Os governos, em geral, investem nessa área muito menos do que a OMS recomenda. Isso acontece por diversas razões, desde o estigma associado a doenças mentais e as discussões infindáveis se elas são ou não doenças reais e outros problemas da psiquiatria, até o excesso de diagnósticos. Traçar a linha divisória entre problemas patológicos e não patológicos não é simples. Mais do que uma divisão binária entre o que é e não é doença mental, o que existe é um espectro com muitas tonalidades. O quadro da saúde mental no Brasil é preocupante. Na última década, temos nos destacado entre os países em pior situação em termos de núme
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