Privado: Por uma razão em ato em tempos de grandes riscos

Privado: Por uma razão em ato em tempos de grandes riscos
Jorge Coelho Soares Diante de um mundo comprimido e globalizado, multimegalômano, é certamente preciso compreender sua dinâmica de funcionamento e aprender a adquirir um mínimo de equilíbrio diante de tantos riscos que nos ameaçam permanentemente, aos quais se somam outros que nos surpreendem e intimidam, quando menos não seja, pois nunca pensamos que pudessem vir a existir. Quando Freud, em seu clássico Mal-estar na Civilização, nos apontava os “grandes riscos” e fontes de grandes sofrimentos a que os humanos, desde sempre e para sempre, estavam submetidos inexoravelmente, ele certamente, como sempre, se revelou um arguto observador da humanidade: o corpo que se deteriora gradativamente – com uma infalibilidade que as cirurgias plásticas, as indústrias farmacêuticas e os spas ignoram; uma natureza pensada como algo fora de nós e que a qualquer momento desmonta nossas certezas e nos impõe severos castigos; e a impossibilidade de criar um mundo humano sem outros humanos, o que nos obriga a uma socialização que inclui e subentende aprender, para poder criar uma vida pessoal qualquer com algum sentido, a suportar alguns outros mais do que gostaríamos. O novo projeto de modernidade, porém, regido cada vez mais por uma lógica tecnocientífica, foi desdobrando seus axiomas em novas verdades e modos de viver, nos quais a noção de risco, sempre escamoteada sob o conceito de progresso, instaurou novas formas de produção de subjetividade e deu ao conceito marcusiano de “consciência feliz” um suporte bioquímico e apaziguador insuspeitado e já ag

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