Podemos ainda pensar em nossa própria língua?

Podemos ainda pensar em nossa própria língua?
  Todas as línguas sustentam a elaboração e a transmissão de pensamentos criativos. O perigo atual está em querer aprisionar o pensamento em uma única língua, tendendo para um pensamento único que se empobrece e fecha-se sobre si mesmo. Não quero falar, aqui, como talvez alguns prevejam, contra o pensamento anglo-saxão (e certamente o pensamento chinês amanhã), mas defender a necessidade de imaginar meios técnicos e culturais que evitem reduzir a expressão linguística a uma língua dominante, em particular no caso das publicações científicas. No contexto europeu, sempre em construção, as autoridades de Bruxelas não mantêm mais a diversidade linguística, mas privilegiam o inglês, dizendo que é preciso viver no hoje e não se voltar para o passado. Por que, então, aprender francês, português, grego? Os idiomas diferentes da língua dominante vão tornar-se somente línguas destinadas a algumas elites que desejam singularizar-se por uma cultura original ou a alguns universitários interessados em análises históricas? Não é desejável nem legítimo haver apenas uma língua no papel de língua universal, mesmo se alguns economistas e especialistas de geopolítica continuem a gritar que a globalização obriga-nos a comunicar rapidamente. Eles agem como se a escolha de uma língua única, para além de abrir a possibilidade de fazer negócios mais rapidamente, permitisse enriquecer verdadeiramente os povos e concretizar um novo ideal humanista internacional por meio da diminuição das incompreensões. A esse raciocínio assaz simplista

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