Dossiê | Hannah Arendt, um percurso da liberdade

Dossiê | Hannah Arendt, um percurso da liberdade
Este dossiê procura esclarecer os tópicos essenciais do pensamento de Hannah Arendt (Foto: Reprodução)
  Semanas atrás, a comunidade científica internacional, acompanhada por entusiasmados séquitos de uma mídia perplexa, comemorou a inauguração do LHC, o imenso laboratório de 27 km na fronteira franco-suíça que promete desvendar os origens do universo. Dias depois, relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) anunciava o aumento da população subnutrida no planeta, aumento estimado em 75 milhões de pessoas só no ano de 2007. Para além de todo proselitismo pueril e inútil que a simples justaposição desses dois fatos poderia suscitar, a coincidência com os 50 anos do lançamento de A condição humana, considerada a obra mais impactante de Hannah Arendt, não deixa dúvidas quanto à pertinência e ao vigor de suas reflexões no mundo contemporâneo. Curiosamente, Arendt iniciava o prólogo da primeira edição (1958) comentando um evento científico marcante para sua época - o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik - evento cuja importância, nas palavras da autora, ultrapassaria “até mesmo a desintegração do átomo”. Na verdade, em sua crítica à neutralidade aparente da ciência, Arendt questionava a euforia em torno do progressivo tecnicismo em um “mundo no qual as palavras perderam seu poder” e no qual a humanidade poderia se ver escravizada pelo seu próprio know-how, indefesa em razão do divórcio entre o conhecimento técnico e matematizante e o pensamento que convém ao raciocínio discursivo e, por extensão, à origem da ação política. Poderíamos dizer que os

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