Arendt e Butler, pensamento em diálogo

Arendt e Butler, pensamento em diálogo
Hannah Arendt, Universidade de Chicago, 1966 (Divulgação)
A prova de vitalidade de um pensamento não reside apenas na avaliação dos efeitos que foi capaz de produzir enquanto o pensador se encontrava vivo, mas se confirma em vista de sua capacidade de continuar a produzir efeitos no pensamento de outros, muito tempo depois da morte do pensador em questão. Hannah Arendt faleceu há quarenta anos e desde então seu pensamento vem recebendo claras provas de consagração, prosseguindo vivo, forte e vibrante tanto no Brasil quanto em diversos outros países, como o atesta a crescente literatura dedicada à exploração e explicação de aspectos importantes da obra arendtiana. O pensamento que perdura é aquele cuja riqueza conceitual permite que outros pensadores possam dele se apropriar até o ponto de renová-lo e revigorá-lo. Ora, é justamente isto o que vem acontecendo com a reflexão arendtiana, sobre a qual Judith Butler tem manifestado claro interesse em livros recentes, como Notes toward a Performative Theory of Assembly, de 2015. De fato, desde já algum tempo ela tem ressaltado e valorizado duas ideias centrais do pensamento arendtiano: a noção de pluralidade, da qual Butler deriva sua concepção da coabitação e sua crítica às políticas estatais de caráter genocida, bem como a ideia arendtiana acerca do caráter performativo do agir e discursar coletivos, os quais instauram novos espaços e novas realidades políticas entre os agentes para além das fronteiras institucionais da esfera pública formalmente constituída nos limites da representação. Assim, em reflexão de 2011 sobre o movimento Occupy Wal

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