Pedagogia do armário
Parte da série de pinturas “Criança Viada”, de Bia Leite (Reprodução)
Nos últimos anos, no Brasil, a escola passou a estar no centro das disputas políticas em torno da diversidade sexual e de gênero. A sala de aula é um espaço legítimo para se discutir gênero e sexualidade? É importante assegurar políticas educacionais que promovam a cultura dos direitos humanos e o reconhecimento das diferenças nessa área? Existe homofobia na escola? Se sim, ela representa um problema educacional?
A heteronormatividade está na ordem do currículo escolar e, desse modo, tende a estar presente em seus espaços, normas, ritos, rotinas, conteúdos e práticas pedagógicas. A instituição normativa e normalizadora da heterossexualidade como única possibilidade natural e legítima de expressão sexual e de gênero envolve toda a escola e os sujeitos que a animam ao sabor de um processo que Guacira Lopes Louro, em O corpo educado, chama de pedagogia da sexualidade. Não raro, nas escolas, pessoas identificadas como dissonantes em relação às normas de gênero e à matriz heterossexual são postas sob a mira preferencial de um sistema de controle e vigilância que, de modo sutil e profundo, produz efeitos sobre todos os sujeitos e os processos de ensino-aprendizagem.
Também informada por outros preconceitos e discriminações, a escola não apenas consente, mas também cultiva e ensina heterossexismo e homo-lesbo-transfobia. A escola se mostra, assim, como instituição empenhada na reafirmação e no êxito dos processos de incorporação das normas de gênero e da heterossexualização compulsória. Histórica e culturalmente transformad
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