Privado: Paulo Emílio no século
Heitor Ferraz Mello
São apenas duas fotos. Duas imagens bastante conhecidas do crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes. A primeira, tirada em 1935, quando tinha 18 anos. Com o cenho franzido, ele posa seriamente empunhando uma foice e um martelo. Na segunda, tirada muitos anos depois, em 1973, plena Ditadura Militar, vamos encontrá-lo como professor, em sala de aula. Ele está à vontade, em mangas de camisa, movimentando os braços – estaria retirando um maço de cigarro do bolso da camisa? As fotos representam, de certa forma, dois momentos significativos na vida desse crítico, historiador, escritor, roteirista, por vezes ator de cinema, e um dos idealizadores da Cinemateca Brasileira. Talvez mais do que tudo isso: a figura cativante que com seus conhecimentos e suas provocações pontuais, como a da primeira foto, por exemplo, marcou mais de uma geração de pensadores brasileiros – inclusive a sua própria.
Hoje, seu nome circula como uma referência bibliográfica para o estudioso de cultura brasileira, principalmente por causa de seu famoso ensaio, ensaio-síntese ou, como diria seu ex-orientando, o professor e crítico Ismail Xavier, “ensaio-testamento”, “Cinema: trajetória no subdesenvolvimento”, publicado pela primeira vez naquele mesmo 1973, na revista Argumento. Já para o leitor da literatura brasileira, Paulo Emílio é autor de um conjunto de três novelas desconcertantes que formam o livro Três mulheres de três PPPês, que acaba de ser reeditado pela Companhia das Letras, num novo esforço de reedição de sua obra, sob coordenaçã
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