Conversas com fantasmas

Conversas com fantasmas
A cantora, compositora e escritora Patti Smith (Foto: Steven Sebring/ Divulgação)
  Só garotos, primeiro livro de memórias de Patti Smith, conta uma bela história de amor e amizade, fala da busca romântica de dois jovens pela arte (na música, na literatura, na fotografia), do desejo de fazer da vida um caminho poético e descreve a excitante boêmia de Nova York nos anos 1960 e 70. A obra ganhou o mundo e tornou-se um talismã, um guia para outros jovens. O que Rimbaud foi para Smith, ela foi para quem a leu, ouviu ou assistiu, em seus shows inesquecíveis. Depois disso, a cantora, compositora, fotógrafa e escritora se perdeu um pouco. Aquela era sua melhor história. Linha M, o livro seguinte, parece, em comparação, um exercício disperso de estilo, ainda que traga momentos de rara sensibilidade, ao falar da morte do marido, Fred “Sonic” Smith. Surgem agora no Brasil duas novas publicações da pitonisa-punk de “Horses”; cada qual segue, a seu modo, essa toada em que se misturam memória, ficção, um grau de alucinação poética, belas polaroides e alguma reflexão literária e filosófica. Devoção, lançado orginalmente em 2017, é um breve ensaio em que, num primeiro momento, Patti Smith busca entender como a própria cabeça funciona, andando de trem pela Europa e mesclando leituras de Patrick Modiano e Simone Weil, reminiscências de quando foi com a irmã a Paris e tentativas de escrever um conto, cujo manuscrito vemos no final do volume, com uma caligrafia elegante e sinuosa. O conto, propriamente, surge num segundo momento: uma história com traços de narrativa infantil, mas com conteúdo adulto. Um colecionador qu

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