Palavras do subcomandante Marcos no dia de sua morte
Subcomandante Marcos, que atualmente adota o nome de Galeano (Foto: Ángeles Torrejón)
“Nada do que fizemos, para o bem e para o mal, teria sido possível se um exército armado, o zapatista de libertação nacional, não tivesse se levantado contra o mau governo exercendo seu direito de violência legítima. A violência do de baixo contra a violência do de cima.
Somos guerreiros e, como tais, sabemos qual é nosso papel e nosso momento.
Na madrugada do dia 1º do primeiro mês de 1994, um exército de gigantes, isto é, de indígenas rebeldes, desceu às cidades para com o seu passo sacudir o mundo.
Apenas alguns dias depois, com o sangue dos nossos caídos ainda fresco nas ruas, percebemos que os de fora não nos viam.
Acostumados a olhar desde cima para os indígenas, não levantavam o olhar para nos ver.
Acostumados a nos ver humilhados, seu coração não entendia a nossa digna rebeldia.
Seu olhar se deteve no único mestiço que viram com pasamontañas , ou seja, não olharam.
Nossos chefes e chefas disseram então:
‘Só enxergam o pequeno que são, façamos a alguém tão pequeno como eles para que eles o enxerguem e através dele nos vejam.’
Começou assim uma complexa manobra de distração, um truque de mágica terrível e maravilhoso, uma jogada maliciosa do coração indígena que somos. A sabedoria indígena desafiava a modernidade em um dos seus bastiões: os meios de comunicação.
Começou então a construção do personagem chamado ‘Marcos’.
Marcos um dia tinha os olhos azuis, outro dia verdes, ou castanhos, ou cor de mel, ou negros, tudo dependendo de quem fizesse a entrevista ou tir
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