O teatro e a vida social
O deus Dionísio (Reprodução)
“Uma politicidade sensível é assim, de saída, atribuída às grandes formas de partilha estética como o teatro, a página ou o coro”
Jacques Rancière, A partilha do sensível
A realização no mês passado da 2ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – idealizada por Antonio Araújo, diretor do Teatro da Vertigem e professor da ECA-USP, e Guilherme Marques, diretor-geral do Centro Internacional de Teatro Ecum – provou pelo segundo ano consecutivo o que há muito já se sabia: não somente o teatro está mais vivo do que nunca, disposto a estabelecer uma franca e potente interlocução com a sociedade, como também novas plateias estão se formando, desejosas de conhecerem outras formas de teatralidade que não aquelas percebidas como convencionais, baseadas seja na performance pessoal de um ator ou atriz tratados mais como celebridades pela grande mídia, seja em conteúdos frouxos, previsíveis, edulcorados, que aproximam cada vez mais algumas ocorrências no campo teatral da inércia criativa irradiada diariamente pela televisão.
Antes de suscitar debates intrínsecos a um projeto de tal envergadura (não caberia tratar a iniciativa como um “evento”, esse modelo de produção e criação que tem invadido as mais diferentes áreas da arte e da cultura, comprometido antes com a oferta de produtos a serem consumidos do que propriamente com a vivência de processos socioculturais a serem fruídos, para os quais a formação do público é item fundamental, por exemplo), a primeira contribuição da Mostra se deu no terreno da instauração de
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