O rei sou eu

Edição do mês
O rei sou eu
(Arte Andreia Freire/Revista CULT)
  Em nossa sociedade, as relações tendem a se tornar cada vez mais digitais e, portanto, virtuais. Ora, poder é uma questão de relação. Mudam as relações, muda o poder e vice-versa. Mas há condições para essas mudanças e, em nossa época, precisamos ter consciência de que essas condições incluem a atual tecnologia digital que promove um mundo virtual. Assim como Foucault dividiu o poder em tanatopoder (poder de decidir sobre a morte de outrem) e biopoder (poder de controlar a vida por meio da saúde, da alimentação e dos prazeres), referindo-se à estrutura de um antigo regime tirânico – e ameaçador – e de um novo regime democrático – de sedução –, podemos falar de um poder analógico e um poder digital. O poder analógico cria instituições. O poder digital cria o virtual que prescinde de instituições. Assim como tanatopoder e biopoder coexistem, entre poder analógico e digital também há uma continuidade. Mas há diferenças que devem ser consideradas, porque é nelas que se pode encontrar a chave para que minorias políticas possam transformar o poder que hoje as oprime. O poder antigo ainda em vigência é um poder baseado na administração medida de força e fragilidade física. As atitudes fisicamente violentas são todas ligadas à ideia do tanatopoder. Toda forma de assassinato é produzida dentro do circuito do tanatopoder. O poder da morte promete ou realiza a morte. A morte é o seu capital em um jogo de promessa e realização. Essa é a base mais primitiva do poder. O biopoder é um poder moderno, um poder ligado ao

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