“O protagonismo na luta contra o golpe é dos movimentos sociais”

“O protagonismo na luta contra o golpe é dos movimentos sociais”

 

O sociólogo marxista Michael Löwy (Reprodução/YouTube)
O sociólogo marxista Michael Löwy (Reprodução/YouTube)

Por Eric Campi

O sociólogo marxista Michael Löwy afirmou, durante a conferência “Caminhos e descaminhos da esquerda brasileira”, que a luta contra a reação de setores conservadores da sociedade brasileira deve partir dos movimentos sociais. “São eles que possuem maior capacidade de mobilização e conseguem trazer pessoas e propostas novas para a política”, disse. O evento, que aconteceu nesta quinta (6), na USP, reuniu cerca de 150 pessoas.

Em sua fala, Löwy classificou o impeachment como golpe de Estado e afirmou que a derrota de projetos mais progressistas nas eleições do último domingo (2) evidencia o descrédito da população em relação a classe política. É nesse cenário que os movimentos sociais ganhariam ainda mais importância, segundo ele. “Por trazerem ideais e não se renderem ao jogo político, eles podem renovar a confiança no poder público e, mais importante, conferir uma unidade à esquerda brasileira”, defendeu.

Unidade que, para o sociólogo, não se dá devido a diferenças ideológicas existentes na esquerda latino-americana, representada por países cujos governos fazem todo o possível para melhorar a vida dos pobres sem mexer nos privilégios dos ricos — como Brasil, Argentina e Uruguai — e por outros que têm o socialismo como objetivo, caso do Equador, Venezuela e Bolívia. “As discordâncias entre os moderados e os revolucionários é saudável, mas em momentos como o que passamos, esses grupos precisam se unir”, afirmou.

No Brasil, Löwy considera que o Partido dos Trabalhadores (PT) faça parte dos moderados e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), dos revolucionários. As manifestações contra o impeachment são, para ele, um exemplo da união necessária: “Nas ruas estavam o PT, o PSOL, o MST, a CUT, a juventude anarquista, todos contra as atitudes fascistas do golpe”.

O professor ainda afirmou que a união das esquerdas garante a defesa da democracia: “O capitalismo é antidemocrático por excelência, as decisões parlamentares são feitas pelos mercados financeiros e não pelo povo. A revolução autêntica tem que ser democrática e apoiada pelo povo, não pode ser o golpe de esquerda contra o golpe de direita.”

Deixe o seu comentário

Novembro

Artigos Relacionados

TV Cult