O preço do pacto
(Foto: Divulgação)
O assassinato da vereadora Marielle Franco e a prisão do ex-presidente Lula são acontecimentos que marcam a história do nosso tempo, uma época de rupturas e de transformações sociais, políticas e econômicas.
É preciso, no entanto, ir além desses fatos e tentar descobrir suas raízes e as razões de sua ligação com o golpe de 2016 e com a eleição e a ascensão da extrema-direita no país, a partir de 2018.
As relações de produção do capitalismo contemporâneo emanam mudanças significativas em vários aspectos da vida social. Pode-se dizer que não haveria impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff não fosse a crise econômica de 2008, assim como não haveria os dois tristes fatos referidos. Quem melhor decifrou esses mecanismos da crise do capitalismo foi o jurista Alysson Leandro Mascaro no livro Crise e golpe (Boitempo, 2018).
Mascaro parte da crise político-econômica atual e do golpe de 2016 para destrinchar a complexa relação entre Estado, direito e formação social. Influenciado por Evgeni Pachukanis (1891-1937) e Louis Althusser (1918-1990), o autor revela o caráter estrutural das crises e dos golpes, fundado em bases ideológicas e institucionais próprias do capitalismo. Antes mesmo da crise, as classes dominantes já pleiteavam o receituário das chamadas “reformas”, como a Proposta de Emenda da Constituição (PEC) dos gastos e o desmonte da proteção jurídica e social da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e da Previdência.
No entanto, o Executivo, com representantes de centro-esquerda à frente
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