O perigo de saber tudo e não saber nada

O perigo de saber tudo e não saber nada

 

Não saber usar uma ferramenta tão útil, que são as plataformas digitais, vem causando uma Torre de Babel.

Hoje o importante é saber tudo, falar sobre tudo, de forma rasa, duas linhas, mas saber.

E saber para quê?

Saber para destilar o ódio nas redes, para pôr as frustrações nas palavras , para ser opressor, para ser juiz, para xingar as mulheres que defendem os direitos das mulheres. As feministas, que não matam, não aprisionam, não estupram querem ver os homens empregados, querem ver as meninas seguras, estudando e empoderadas.

Mas quando se sabe tudo sem saber nada, um texto de dez linha é um textão. Ler sobre o feminismos pesquisando Angela Davis, Chimamanda Ngozi Adichie, Djamila Ribeiro, Nataly Nery e entender o significado em toda a sua transversalidade, hoje,é besteira. O importante é ir na rede atacar, aparecer na discussão.

Já não é sem tempo de voltar o olho no olho, o corpo a corpo, o cheiro, o sorriso largo o calor do abraço, voltar a ser gente, a ter empatia, a ouvir o outro, para entender mais a fundo as conversas, o porquê das escolhas, entender mais os filhos, as mães e pais.

O saber raso se comprovou nas ultimas manifestações das panelas no chão. Antes de pesquisar o que realmente estava por vir, quais os interesses que seriam defendidos com o impeachment, quem realmente causava um maior estrago. Tirar selfie no domingo, bater panelas, ser misógino, defender o opressor, xingar pobre, matar preto, matar gay, demonizar religiões de matrizes africanas.

E agora?

Agora está sobrando merda para todo mundo. Privatizar universidades públicas e cadeias, 49 anos de trabalho para ricos e pobres (rico que não fizer parte da panelinha dança junto nessa), terceirização com aumento de impostos, carne brasileira embalada aqui não presta mais, café vendido para o mundo bem baratinho e vendido bem caro aqui. Cadê o dinheiro para Rouanet? Cadê o dinheiro para a virada cultural? A cada pronunciamento, a fossa fica mais funda – e pra todo mundo.

Quem já sabia o que queria, mas ficou sentado sem se posicionar, agora acordou. E quem decidiu pelo que leu em duas linhas deixou as panelas no chão.

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