O pardo na política

O pardo na política
Antonio Carlos Magalhães Neto, autodeclarado pardo, em debate na eleição para o governo da Bahia em 2022 (Reprodução/debate Rede Globo)
  As eleições de 2022 foram marcadas por polêmicas e um acirramento inédito das campanhas. Uma das mais curiosas dentre elas talvez tenha sido a autodeclaração de raça/cor de Antonio Carlos Magalhães Neto, um dos mais tradicionais nomes da política baiana e então candidato ao governo do estado. Autodeclarado pardo nos registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas visto socialmente como branco, ACM Neto teve seu registro contestado ao vivo em mais de um programa televisivo e se tornou alvo de um sem-número de memes. A controvérsia não foi gerada apenas pelas contestações em relação à sua identidade racial. Como existem hoje diversas medidas de incentivo às candidaturas pretas, pardas e indígenas, incluindo benefícios específicos oriundos dos fundos eleitoral e partidário, ganhou força a suspeita de que o candidato estaria mentindo para receber mais recursos de campanha. A partir de 2020, o TSE criou cotas mínimas de financiamento e tempo de horário gratuito de propaganda eleitoral para candidaturas não brancas, proporcionalmente à presença das mesmas nas listas partidárias, e, em 2021, o Congresso aprovou uma lei que duplica o peso de eleitos desses grupos para a definição da distribuição de recursos públicos de campanha a serem recebidos por partido. Todo esse imbróglio esconde complexidades que a polêmica nas redes sociais não considera. Primeiro, nunca é demais lembrar que o uso contemporâneo de raça se baseia numa construção social e, portanto, dependente do modo como diferentes indivíduos em uma dada cultur

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