O novo obscurantismo
Quem pode imaginar que há gente que ainda acredita em Terra plana na época da nanotecnologia? (Arte: Andreia Freire/Revista CULT)
Devemos nos colocar a questão do que podemos chamar de “novo obscurantismo”. A expressão é uma espécie de oxímoro temporal, afinal, na época em que vivemos, de máximo avanço da ciência e das tecnologias, obscurantismo não é algo que pareça fazer sentido. Quem pode imaginar que há gente que ainda acredita em Terra plana na época da nanotecnologia?
Portanto, é preciso avaliar o fenômeno. E há alguns caminhos básicos para que possamos fazer essa avaliação. De um lado é preciso avaliar por um ponto de vista histórico, que é o que primeiro nos espanta.
O que há de comum entre o passado e o presente? Os temas de hoje são os mesmos do passado, mas em épocas diferentes são tratados de modos diferentes. Portanto, nossa questão é entender o tempo atual sem deixar de ter o conhecimento do passado como um valor, mas considerando-o também como um fato, uma prova de que há causas e consequências, de que há processos que levam a um ou a outro caminho e que pesquisas da história como ciência nos ajudam a reconhecê-los.
Para além da ciência, no dia a dia, podemos nos perguntar: o que é realmente novo em relação ao passado? Afinal, não é preciso muita pesquisa para perceber que os preconceitos atuais, em sua maioria, são preconceitos antigos. Preconceitos de classe, de religião, de raça, mas também o medo e o ódio à arte, às mulheres, às sexualidades e gêneros não normativos sempre existiram. Do mesmo modo, a existência de crenças sem fundamento e a caça às bruxas que demoniza pessoas específicas que atrapalha
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