O moderno conceito de branco
Edição do mês![O moderno conceito de branco](https://revistacult.uol.com.br/home/wp-content/uploads/2025/02/CULT_314_IMAGENS_SITE_4.jpg)
W. E. B. Du Bois em seu escritório na Universidade de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1909 (University of Massachusetts Amherst/The W.E.B. Dubois Papers)
“No alto da torre, onde me sento acima da ruidosa lamentação do mar humano, conheço muitas almas que se agitam, rodopiam e passam, mas nenhuma me intriga mais do que as almas do povo branco.”
W. E. B. Du Bois, “The Souls of White Folk” (1920)
W. E. B. Du Bois é um precursor dos estudos sobre a identidade racial branca. A sua originalidade consiste em apresentar branquitude como invenção moderna que perpassa distintos mitos nacionais de fundação e, sobretudo, a reconhecendo como organizadora de uma moralidade social. Suas investigações começam na construção da supremacia branca e nos efeitos desse pensamento sobre os que se autointitulam “semideuses”. Partem, então, para as negociações oriundas dessa crença, a sua materialidade nas relações cotidianas de brancos e negros, e culminam na produção de territórios materiais e simbólicos compreendidos como brancos. E esse trajeto se dá em três obras distanciadas no tempo: “The Souls of White Folk” , de 1920, em que Du Bois trata da “nova religião da branquitude”; Black Reconstruction in America , de 1935, em que conceitua o “salário público e psicológico da branquitude”; e, por fim, Dusk of Dawn , de 1940, em que o sociólogo descreve a constituição de um “mundo branco”.
A descoberta do branco como problema está diretamente relacionada à atuação de Du Bois como ativista pelos direitos civis e ao modo como a expressão pública do terror e da violência racial transformou sua visão de mundo. Sua perspectiva inicial acerca das sequelas do pensamento suprema
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