Privado: O metafísico e o moralista

Privado: O metafísico e o moralista
Ilustração: Fido Nest por Aurora Bernardini Quando se põem frente a frente dois gigantes da literatura mundial como ocorre constantemente para o leitor brasileiro, acostumado há algum tempo a excelentes traduções de ambos os autores – agora em particular por ocasião da publicação de Guerra e Paz, de Tolstói (na tradução de Rubens Figueiredo, Cosac Naify), de O Duplo, de Dostoiévski (na tradução de Paulo Bezerra, e também da Nova Antologia do Conto Russo – 1792-1995) e pela repercussão dos dois últimos encontros internacionais realizados no CCBB em São Paulo (em 2010 e 2011) –, vem de imediato querer compará-los e descobrir quais semelhanças e quais diferenças marcam suas obras (e vidas ) e, à luz de nossos tempos, qual afinal foi o legado que nos deixaram. Comecemos por Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski, o escritor franzino e epiléptico, filho de um pai brutal que viria (crê-se) a ser assassinado por seus servos, ex-engenheiro de fortificações, eslavófilo, condenado a trabalhos forçados na Sibéria depois da comutação de sua pena de morte por ter conspirado contra o czarismo – o qual mais tarde, ao retornar da “Casa dos Mortos”, haveria de apoiar. Assim mesmo, matou o paternalismo na literatura e introduziu em sua obra aquilo que – depois do magistral estudo de Mikhail Bakhtin Problemas da Poética de Dostoiévski (Forense) – se consagrou como sendo a “polifonia”. O diálogo interno, a livre expressão de cada personagem que vive e proclama sua ideia-força sem discriminações – e é o leitor quem decide, afinal, c

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