O mal-estar no mundo

O mal-estar no mundo

Marcos Flamínio Peres

Difícil delinear um tema tão amplo como “globalização, identidade e literatura”, que abriu a principal mesa de debate do terceiro dia da 14ª Jornada Literária de Passo Fundo.

Gente demais no palco – seis pessoas – também não ajudou o andamento das discussões.

Para o angolano Gonçalo Tavares, o mais premiado em cena, a identidade se constrói a partir do desejo – “do desejo  que cada um partilha – ou não – com o seu próximo”. Tavares ressaltou também o papel da memória: “Ela é uma marca humana, e, sem ela, perdemos a identidade”. Mas na base da memória, acrescenta o autor de Jerusalém, “está a língua”.

Tatiana Salem Levy, que lança novo romance em outubro, lembra como a solidão é inerente ao seu ofício: “Quando decidi ser escritora, era justamente para dizer o que sentia e pensava sem que eu precisasse falar. Por isso, estar aqui é estranho para mim”.

Já o crítico Luiz Costa Lima relacionou literatura e globalização por meio de um sentimento de desencanto com o mundo: “Não haveria literatura se não houvesse pessoas descontentes com o mundo tal como ele é”.

A crer nos depoimentos dos participantes, globalização é um modo de situar o outro, seja quem for, em relação a si mesmo.

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