Privado: O fim do mundo é aqui

Privado: O fim do mundo é aqui
por Heitor Ferraz Há uma famosa frase de Tolstói, muito repetida, que diz: “Se queres ser universal, fala de sua aldeia”. A ideia do universalismo a partir de um microcosmo é um tópico da literatura, mas no caso do húngaro Sándor Lénárd ela se aplica com grande propriedade. Em seu livro O vale do fim do mundo, ele fala de fato de uma pequena cidade, Donna Irma, nome que inventou ao se referir a Dona Emma, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e fala do mundo, ou pelo menos dos imigrantes europeus que, em momentos diferentes, foram parar nesta região do Brasil. Ele mesmo, nascido em Bucareste, em 1910, e formado em medicina em Viena, veio para o país em 1952, depois de ter passado pela Itália. Aqui, acabou seguindo as estradas de terra catarinenses e construiu sua casa de madeira em Dona Emma, onde viveu até sua morte, em 1972. O vale do fim do mundo, publicado originalmente em 1967, é um livro de memórias, narrado em primeira pessoa. Foi escrito em húngaro e tornou-se um sucesso na Hungria, tendo sido traduzido para diversas línguas. E só agora ganha uma versão em português, pelas mãos do psicanalista e tradutor Paulo Schiller (leia entrevista abaixo). Dizer que se trata de uma pequena joia literária é pouco. Talvez na contramão da literatura oficial, esse escritor consegue um retrato mordaz e ao mesmo tempo humano do país em pleno desenvolvimentismo dos anos JK. Sua base é Donna Irma, onde ele tem sua farmácia e atende a vizinhança quando é chamado. Comparando-se marotamente a Lemuel Gulliver, de Swift, ele diz que deseja “apenas fotogra

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