O Estado e a Arte

O Estado e a Arte
  Quando os norte-americanos estavam começando a consolidar seus estúdios cinematográficos, nos anos 1920, com uma fórmula de narrar histórias que levaria Hollywood a uma era de ouro por quase três décadas, os russos começaram a propor um cinema menos engessado em fórmulas, mais ligado ao experimentalismo e ao construtivismo, liderados pelo teórico e cineasta Sergei Eisenstein, cuja obra-prima, O encouraçado Potemkin (1925) é a mais perfeita tradução dessa proposta russa. A arte cinematográfica, portanto, antecipou a dicotomia entre os dois países bem antes da Guerra Fria começar. É nessa época que nasceu a Mosfilm, o mais importante estúdio da União Soviética e que sobreviveu ao colapso político do país nos anos 1990, sendo até hoje, na Rússia capitalista, seu mais importante produtor cinematográfico. Fundada em 1924, ano da morte de Lênin – que à época disse ser o cinema “a mais importante das artes” – a Mosfilm completa agora noventa anos com mostras de alguns de seus filmes em diversos países. A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, também exibiu gratuitamente dez dessas obras, representando as várias décadas e os mais de dois mil e quinhentos longas produzidos pelo estúdio. De Eisenstein veio Linha geral (1929), cujo pano de fundo é a coletivização da agricultura soviética. O estúdio também trouxe obras como Lênin em outubro (1938), de Mikhail Romm, que fala das massas trabalhadoras e presta homenagem ao líder fundador da União Soviética. Nesse filme, porém, nota-se um claro engessamento formal, uma vez que

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