O Curso de Linguística Geral de Saussure no retorno a Freud de Lacan
(Andreia Freire)
O retorno a Freud de Jacques Lacan passa por seu encontro com Ferdinand de Saussure, com o que de seu pensamento sobre a linguagem se depositou nos cadernos de alguns de seus alunos e foi publicado sob o título de Curso de Linguística Geral.
Esse encontro está registrado em conferência de 1957, pelo ato de Lacan ao declarar o CLG uma “publicação primordial”, que instaura uma nova ordem, tal como Freud com a descoberta do inconsciente.
Ao mencionar, porém, o algoritmo S/s correspondente ao signo-significante sobre significado – como algo que renova a concepção de unidade linguística e a própria Linguística, Lacan intervém na escrita dessa mesma unidade: o signo saussuriano.
Que reconhecimento é esse que se dá por uma intervenção explícita no signo, pilar da teorização saussuriana sobre a língua, definida por Saussure como “sistema de signos”?
É em torno dessa intervenção que Lacan estrutura aquilo que ousa fazer do pensamento de Saussure. Primeiro, substitui o traço de união que faz da palavra uma unidade de duas faces simétricas – significante e significado – por uma barra que separa o significante do significado. Segundo, faz dessa barra uma “barreira resistente à significação”, suspendendo o significado.
Feito isso, uma ousadia maior:
atribui a essa intervenção na escrita
do signo o estatuto de procedimento
lógico, de formalização a ser oferecida
em homenagem a Saussure.
Um ato insólito como esse, que não leva em conta autor nem autoria, se inverte, porém, no
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