Em novo livro, Jean-Claude Bernardet diz por que interrompeu tratamento de câncer

Em novo livro, Jean-Claude Bernardet diz por que interrompeu tratamento de câncer
O crítico Jean-Claude Bernardet, que lança "O corpo crítico" pela Companhia das Letras (Foto: MATEUS CAPELO)
  A ironia começa no título, O corpo crítico. Pode significar o conjunto da produção de Jean-Claude Bernardet como crítico de cinema, mas também seu corpo em crise. Neste livro, ele abraça a segunda acepção. Outra ironia logo nas primeiras páginas. Amigos de Jean-Claude ficam surpresos diante de sua disposição física depois de interromper um tratamento contra câncer:  “Cê tá melhor do que eu”, “Estou aliviado!”. Em 8 de abril de 2019, Jean-Claude publicou no Facebook um post em que anunciou a decisão de interromper o tratamento de radioterapia e a terapia hormonal contra uma recidiva de câncer de próstata. Decisão tomada de comum acordo com a filha e um amigo. Ainda naqueles dias, Jean-Claude divulgou um documento em que, conforme as normas 1 e 2 de uma resolução do Conselho Federal de Medicina datada de 2012, declara que não poderá ser submetido a procedimentos que não tragam benefício claro a sua qualidade de vida. Orientado pelo geriatra que o atende, cita especificamente a radioterapia e a hormonoterapia. Nomeia a filha como representante em caso de dúvida. No livro, Jean-Claude comenta, com humor, as reações de alguns amigos de Facebook que interpretaram o post como uma carta de despedida, certamente impressionados pela frase “Com mais de 80 anos e quase cego, não há por que se submeter à agressividade do tratamento”. Não deram a devida atenção ao título do post: Insubmissão. “Viver o maior tempo possível virou dogma”, escreve o autor. “Quem está doente se trata, não tem conversa. Doente que não

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