O cinema mental de Rodrigo Garcia Lopes
Rodrigo Garcia Lopes (Foto Elisabete Ghisleni / Divulgação)
Rodrigo Garcia Lopes é um dos mais expressivos poetas brasileiros que iniciaram sua jornada na década de 1990, ao lado de Claudia Roquette-Pinto, Carlito Azevedo, Ricardo Aleixo e Josely Vianna Baptista, para citar poucos nomes. Seu livro de estreia, Solarium, publicado em 1994, é um registro de dez anos de trabalho poético do autor e apresenta poemas “dos mais variados estilos, com técnicas e texturas que seduzem e declaram a liberdade de evocar diferentes performances em seu discurso”, como escreve Maurício Arruda Mendonça na “orelha” do livro. Encontramos neste volume desde poemas que exploram o espaço em branco da página, a geometria e a variação tipográfica, com ecos da Poesia Concreta, até o haicai, gênero que praticou com o pseudônimo de Nenpuku Sato, na época em que atuou como jornalista na Folha de Londrina (“formigas dragam / uma abelha / ainda viva”; “pombos se aquecem / num resto / de sol”). Os poemas mais característicos dessa fase de Rodrigo Garcia Lopes, no entanto, são as composições mais discursivas, com versos longos, próximos à prosa, imagens quase fotográficas da natureza e um intenso lirismo, escritos numa linguagem direta e coloquial, como “O processo”: “Música devorando plantas, nossas palavras. / Quer dizer, um ruído em você, a água irisando / entre pedras imóveis. / Como aqui: / vendo nuvens soprarem / chuvas para o sul, onde o deserto / parece tão perto / e continua a rolar suas areias / como num movimento decisivo / de um jogo de Go”. Visibilia, publicado em 1997, traz poemas mais conc
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