Notas à margem de ‘Sobre a leitura’, de Proust

Notas à margem de ‘Sobre a leitura’, de Proust
Originalmente publicado como prefácio de 'The sesame and the lies', de John Ruskin, 'Sobre a leitura' merece ser reeditado no Brasil com cuidadosa revisão Marcel Proust (1871-1922) teve sua obra principal, Em busca do tempo perdido, publicada entre 1913-1927. E os volumes dessa suíte romanesca foram objeto de excelentes traduções. Journées de lecture, em sua primeira versão foi escrito como prefácio à tradução de uma coletânea de John Ruskin (The Sesame and the Lies) quando Proust, com a idade de trinta e cinco anos, ainda era um escritor desconhecido. No Brasil, o prefácio foi traduzido e reimpresso mais de uma vez (Campinas: Pontes, 1989; Porto Alegre: L&PM, 2016), com título mais próximo do original: Sobre a leitura; ambas as versões merecem ser reeditadas com cuidadosa revisão. 1 A leitura não é uma coisa; nem tampouco uma mercadoria. A leitura é um ato de emancipação. É no seu cerne que começa a reflexão – pessoal, decisiva e intransferível – pela qual o leitor se emancipa de si mesmo e elabora o gesto em que ele se concebe escritor. 2 Ruskin ensina a estimar um dos muitos valores da leitura, colocar-nos em contato com “os homens mais sábios e maiores sobre tudo o que merece reflexão”. Proust traduz e anota: “uma companhia que nos está continuamente aberta, de pessoas que nos falariam por tanto tempo quanto desejássemos, qualquer que seja a nossa extração”. 3 Proust acreditara nesse valor da leitura, pensando, como Descartes, que ela fosse “uma conversação” com grandes escritores dos séculos passa

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