“Não me tornei negro numa saga pessoal”
(Marcos Pereira Neto)
Poeta, militante negro e LGBTQIA+, o professor Alex Ratts relembra nesta entrevista sua trajetória como ativista e pesquisador, tramada pela formação da própria identidade como pessoa negra em um contexto no qual a classificação de pardo desafia a noção de pertencimento.
Professor titular na UFG, Ratts desenvolveu estudos sobre questões étnicas, raciais, de gênero e sexualidade em perspectiva interseccional. À Cult, ele fala sobre sua formação, cotas raciais e afirmação da negritude pelo corpo. “Eu compreendo a questão fenotípica que já apareceu desde as ações afirmativas. Mas é também uma questão de corporeidade. É uma questão de como o corpo é interpretado.”
Alex, você pode ser classificado como uma pessoa parda. Quando você se descobriu negro e como se deu esse processo?
Esse tema sempre me acompanha, mas nunca escrevo nem falo muito a respeito. Nasci em Fortaleza em 1964 e pertenço a uma família ou duas famílias inter-raciais, interétnicas. Convivi muito mais com a família da minha mãe, que é uma mulher branca. Mas ela tem irmãos que são pessoas reconhecidas como negras em qualquer lugar deste país.
A família do meu pai quase não tem branco, eu não lembro, apesar do sobrenome que eu herdo, Ratts, vir do meu pai. Não fui criado como negro, mas também não fui criado como branco. Nos anos 1970, entrando para os 1980, época que coincide com os movimentos pela democratização, com a abertura política do Brasil, esse tema passa a ganhar mais força na minha família.
Conte mais como foi esse processo
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