A memorabília musical de São Yantó, Blubell e Luciana Paes
São Yantó abre a programação musical nesta quinta (11) com versões eletrônicas para os maiores sucessos do Queen (Foto: Divulgação)
Entre 11 e 14/03, o 24º Cultura Inglesa Festival celebra a obra musical de grandes artistas anglófonos a partir de interpretações de São Yantó, Blubell, Anelis Assumpção e Luciana Paes. Nos shows, eles homenageiam Queen, Beatles, Bob Marley e Amy Winehouse, respectivamente – artistas com quem mantêm uma estreita relação afetiva.
São Yantó ouviu do pai que Freddie Mercury era o maior cantor do mundo. Na adolescência, Blubell escutou o Álbum branco, dos Beatles, “até gastar a fita”. São de Bob Marley as canções que Anelis Assumpção mais ouviu na vida, e é de Amy Winehouse um lugar entre as grandes divas do jazz no ranking pessoal de Luciana Paes.
As apresentações fazem parte da série Re(Versões), em que artistas brasileiros revisitam a cultura britânica e a língua inglesa tanto na música quanto na literatura e na dança.
O multiartista São Yantó abre a programação musical nesta quinta (11) com versões eletrônicas para os maiores sucessos do Queen. O músico, que em 2018 criou o bloco de carnaval Queen Magia em homenagem à banda, também vai apostar em performances cênicas inspiradas em Freddie Mercury – artista que considera “um dos maiores cantores do mundo”.
Na sequência, Blubell canta o Álbum branco, dos Beatles, na íntegra e na ordem original. O show existe desde 2018, quando a cantora e compositora juntou o trio de músicos Zé Ruivo, Richard Ribeiro e Bruno Serroni para homenagear os 50 anos do disco – que considera “praticamente um templo”. Na versão para o Cultura Inglesa, será acompanhada pelo pianista Pedro Pelotas e cantará pela primeira vez músicas como Martha my dear, Dear Prudence e Good night.
Luciana Paes encerra a série no domingo (14) com um tributo a Amy Winehouse. Acompanhada pelo multi-instrumentista, cantor e compositor Danilo Penteado, vai colocar “mais teatralidade no show, além de uma reflexão de como a vida da Amy passou pela minha”, conta.
À Cult, eles falam sobre a influência e as memórias dos artistas que homenageiam no 24º Cultura Inglesa Festival:
São Yantó:
“Freddie Mercury é um dos cantores
mais incríveis que o mundo já teve”
“Eu devia ter uns quatro anos e, sempre que tocava no rádio um hit do Queen, meu pai me dizia que o Freddie Mercury era o maior cantor do mundo, que era o seu preferido. Eu cresci com o imaginário bem povoado pela figura do Freddie. Radio Ga Ga é uma música muito especial pra mim porque me faz lembrar das viagens de carro com meu pai. Me emociona muito por essa memória afetiva e também porque fala sobre como a nossa relação com a música muda com o tempo – o que inevitavelmente afeta a relação do artista com o que ele cria.
Freddie é uma grande inspiração pra mim. Primeiro porque ele é um dos cantores mais incríveis que o mundo já teve. E o Queen tem um mérito que acho que é uma grande busca da minha vida: fazer música inventiva, sofisticada, experimental e, ao mesmo tempo, completamente popular. Além disso, o Freddie tem um domínio do palco admirável, com uma pitada de irreverência com a qual eu me identifico muito.
Um belo dia eu estava ouvindo Queen e pensei que aqueles riffs de guitarra tinham tudo a ver com os ritmos brasileiros, com frevos, ijexás e axé. E aí pensei em como seria emocionante uma multidão coberta de glitter cantando We will rock you em ritmo de samba-reggae, e nas pessoas que talvez pudessem descobrir seu amor pelo carnaval através do Queen e vice-versa.
Foi exatamente o que aconteceu. No ano que saímos no trio, várias pessoas que até então não gostavam de carnaval, mas eram fãs de Queen, vieram para a rua celebrar com a gente. E pessoas que amam o carnaval, mas que não eram tão fãs de Queen, se juntaram à nossa festa e depois se descobriram fãs enrustidos da banda!”
Show ao vivo no dia 11/03, às 21h, em www.culturainglesafestival.com.br. On demand até 28/03.
Blubell:
“O Álbum branco é praticamente um templo”
“Aos cinco anos, eufórica, eu cantava e dançava “Help” na sala de casa. O mesmo com “Twist And Shout”. De lá pra cá, essas músicas estiveram muito presentes. Ontem pendurei a roupa no varal ouvindo RAM, disco do Paul McCartney de 1971, e foi um dos momentos mais sublimes do meu dia. Além de serem grandes companheiros, eles me deram muita aula de composição. Numa dessas aulas, por exemplo, aprendi que nem tudo o que você diz numa letra precisa ter um sentido cartesiano. Isso é libertador para quem compõe.
O Álbum branco, principalmente, é especial para mim por dois motivos. Primeiro porque traz um amadurecimento gigante da banda. Tudo está lá. Experiências lisérgicas, vivências de turnês pelo mundo. A espiritualidade do George, a paixão nova e acachapante do John pela Yoko, a reverência de Paul ao seu pai músico… Segundo porque descobri o Álbum branco na adolescência e ouvi a fita até gastar. Quando ouço essas músicas, eu meio que volto para o meu quarto de adolescente, um lugar que, a meu ver, é o berço da potência criativa de um artista. É um templo. O Álbum branco é praticamente um templo pra mim.
A influência deles no meu trabalho é gigante. Eu gravei Junk (Paul McCartney) no meu primeiro disco e Long Long Long (George Harrison) no meu álbum com o trio Black Tie. Sempre incluí músicas deles no meu repertório dos shows autorais. Participei de vários shows tributos ao George, Paul e Lennon. Mas a maior influência é a que eles tiveram no meu trabalho de compositora. Está lá nos meus quatro discos autorais. É só procurar.”
Show ao vivo no dia 12/03, às 21h, em www.culturainglesafestival.com.br. On demand até 28/03.
Luciana Paes:
“Acredito que Amy seja uma grande diva do jazz”
“Quando ela morreu parecia que eu tinha morrido, de tanta mensagem que recebi. A mais bonita dela, para mim, é Love is a losing game. A letra de uma poesia rock’n’roll. Traz esse lugar da perda, de ficar sem a pessoa, mas tem também essa leitura de que o amor vem pra nos fazer perder crenças e coisas de que a gente acreditava que precisava. Não fala só de uma perda que é ruim.
Eu acredito que Amy seja uma grande diva do jazz. Acho que todas as pessoas originais inauguram um lugar de originalidade para si, mas também para todas as outras pessoas que podem olhar para a sua própria vida e pensar, “olha, também dá pra ser assim”.
A originalidade é uma coisa que eu prezo muito porque acho que nesse mundo que a gente vive todos fazem tanto esforço para caber… e aí, de repente, vem uma ou outra figura que não consegue caber ou escolhe não caber, e isso mexe muito com todo o coletivo. São pessoas que realmente mexem com histórias íntimas de todo mundo.”
Show ao vivo no dia 14/03, às 21h, em www.culturainglesafestival.com.br. On demand até 28/03.