Museu dedicado a Camille Claudel abre as portas na França
Camille Claudel em 1884 (Foto: Reprodução)
No acervo, há 44 trabalhos de Claudel, uma das mais originais escultoras do século 19, mas que passou para a história apenas como amante de Rodin
A história é comum: uma grande artista mulher passa a vida sem sucesso, tem o trabalho plagiado e morre sozinha, sem reconhecimento. Foi essa a trajetória de Camille Claudel (1864-1943), uma das mais originais escultoras do século 19 – mas que passou para a história apenas como amante, musa e assistente de Auguste Rodin.
Agora, a injustiça e o machismo sofridos por Claudel podem ser revertidos: a escultora ganhou, no último dia 26 de março, um museu em sua homenagem, o Museu Camille Claudel. Construído na antiga casa da família da artista, em Nogent-sur-Seine, a cerca de 100 km de Paris, traz 44 trabalhos de Camille – metade dos que sobreviveram ao tempo, às cópias e à própria artista, que no fim da vida destruiu muitas de suas obras para evitar que seu antigo mestre as copiasse.
O Camille Claudel foi construído na antiga casa da família da artista, em Nogent-sur-Seine, a cerca de 100 km de Paris, e traz 44 trabalhos de Camille – metade dos que sobreviveram ao tempo, às cópias e à própria artista, que no fim da vida destruiu muitas de suas obras para evitar que seu antigo mestre as copiasse.
São esculturas de bronze, moldes de gesso e desenhos feitos em diferentes partes da vida da escultora, começando com a primeira obra exposta por Claudel no salão dos artistas franceses, La Vieille Hélène (de 1882), passando por seus momentos mais produtivos e conturbados, entre 1889 a 1898, e terminando com suas últimas esculturas em bronze, de 1905. A coleção estava, até então, guardada com a sobrinha neta da artista, Reine-Marie Paris, e foi resgatada em 2008 pela diretora do museu, Cécile Bertrand.
O museu não é exclusivo para as obras de Camille, no entanto. O acervo conta com outros 150 trabalhos do século 19 – auge da escultura na França -, com diversos artistas, como Joseph Marius Ramus, Alfred Boucher (outro professor de Claudel), Paul Dubois e o próprio Rodin. A ideia, segundo Bertrand, é deixar que os visitantes comparem as obras de Claudel e seus contemporâneos e percebam as diferenças entre eles, notando que a artista tinha um estilo próprio e “genial”.
Machismo e esquecimento
Camille Claudel nasceu em 1864, em Fère-en-Tardenois, e fez suas primeiras esculturas aos 12 anos de idade. Seu pai, Louis Prosper, notando seu talento, a apresentou para o escultor Alfred Boucher, que se tornou seu primeiro mestre e a levou para o grupo de alunos de Rodin.
Pouco depois, em 1884, a artista se tornou assistente de estúdio do escultor (24 anos mais velho que ela), passando para sua musa e, mais tarde, amante. A relação era conturbada, pois o artista já era casado há 20 anos com Rose Beuret, e a família de Camille julgava o estilo de vida da filha e seu envolvimento com um homem comprometido. Por causa disso, a jovem artista saiu de casa e passou a depender cada vez mais de Rodin, tanto financeiramente quanto para realizar sua arte. Com temas em geral sexuais, as esculturas da artista eram mal vistas para uma mulher na época.
Depois de um aborto, em 1892, Claudel rompeu com Rodin. Oito anos depois, o término rendeu a escultura autobiográfica L’Age mûr (de 1900), que chocou Rodin e o encheu de raiva, fazendo com que ele parasse de financiar a ex-amante de vez. Em março de 1913, seu irmão, o poeta Paul Claudel, e sua mãe a colocaram no manicômio Ville-Évrard, afirmando que ela estava com delírios de perseguição. Na entrada do hospital, consta que Camille foi internada voluntariamente, mas no registro não consta sua assinatura. Durante toda a sua estadia no manicômio, os médicos tentaram convencer sua família a tirá-la de lá, mas sem sucesso: Camille morreu em outubro de 1943, aos 78 anos, e foi enterrada na vala comum do hospital.
Errata: ao contrário do que publicamos, Camille Claudel nasceu em 1864, e não em 1943.
(1) Comentário
estou a paxonata por esta historia gostaria recebe mas detalher sobre camille claudel