Hector Babenco deixa um imenso legado ao cinema

Hector Babenco deixa um imenso legado ao cinema

“O que você vai assistir é uma história que aconteceu comigo e conto da melhor maneira que sei”, alerta o cineasta Hector Babenco no início de seu último filme, “Meu amigo hindu” (2015), assinalando o jogo que instauraria entre realidade e ficção. Dos fragmentos de suas experiências nasciam as ficções de Babenco, que morreu ontem (13) no Hospital Sírio Libanês, após complicações médicas devido a uma parada cardiorrespiratória.

Nascido em Buenos Aires em 7 de fevereiro de 1946, o cineasta mudou-se para o Brasil aos 19 anos, vindo a naturalizar-se brasileiro em 1977. Das matinês de cinema em Mar del Plata, cidade onde cresceu, e dos filmes do Cinema Novo, Babenco consolidou uma visão que marcaria todas suas narrativas cinematográficas.

Seus primeiros filmes, como “O rei da noite” (1975), “O passageiro da agonia” (1977) e “Pixote, a lei do mais fraco” (1980), delineiam o andar que o cineasta manteve entre o limiar de sua vida privada e as questões concernentes a São Paulo, onde passou a morar em 1969, e ao Brasil.

“O passageiro da agonia” foi escolhido melhor filme por júri popular na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e “Pixote, a lei do mais fraco”, foi vencedor do prêmio Leopardo de Prata no Festival de Locarno, na Suíça. Depois de “O beijo da mulher aranha” (1984), primeiro filme fora do eixo anglo-saxão a receber 4 indicações ao Oscar, o cineasta adentrou as produções hollywoodianas com “Ironweed” (1987) e “Brincando nos campos do senhor” (1991).

Após se recuperar de um câncer linfático na década de 90, Babenco retornou com “Coração iluminado” (1998), intrincado de referências à sua juventude na Argentina. O filme foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, assim como Carandiru (2003), baseado no livro de Dráuzio Varella. Além de “Meu amigo hindu”, Babenco ainda produziu “O passado” (2007).

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