‘Milícias ameaçam instituições democráticas como nenhum outro grupo ameaçou’
O jornalista Bruno Paes Manson (Foto André Seiti/Revista CULT)
Bruno Paes Manso está há cerca de 20 anos estudando homicídios em São Paulo e no Brasil. Por seu lado, Camila Nunes Dias, doutora em sociologia pela USP, passou outros 20 anos na trilha do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ambos conversaram cara a cara com policiais, traficantes e matadores. Resolveram juntar experiências e, em ágeis sete meses, escreveram o impressionante A guerra – a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil (Todavia). O objetivo era lançar o livro antes das eleições, para esquentar o debate sobre segurança pública entre os candidatos e eleitores.
Não foi o que aconteceu, como conta Paes Manso, também professor e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, o NEV. Os holofotes se viraram para a figura de Jair Bolsonaro e seu discurso ultraconservador. Com o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no entanto, a questão das milícias ganhou contornos ainda mais trágicos e simbólicos, com sérias consequências políticas. Segundo investigações, os responsáveis fazem parte do grupo Escritório do Crime, cujos negócios, além da matança de aluguel, incluem venda de segurança, controle de transporte público clandestino, grilagem de terras e venda de imóveis irregulares, entre outros serviços ilícitos.
A informação de que o presidente da República é vizinho do sargento reformado Ronnie Lessa, suspeito de ter atirado em Marielle, só aumentou a sensação de que a infiltração dos paramilitares no Estado e nas instituições é gigantesca. Flávio, um dos filhos de Bolsona
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