Memória e reparação
Memorial dos Mártires, construído em 2010, Ipupiara, Bahia (Foto Thiago Vilela / CNV)
O pequeno município de Porto Franco, no Estado do Maranhão, foi o local que a família de Epaminondas Gomes de Oliveira escolheu para viver após o fim do seu mandato como prefeito da também maranhense Pastos Bons. Ex-sapateiro, habilidoso no manuseio do couro, e professor particular de português numa cidade carente de qualquer tipo de estrutura educacional, Epaminondas afinava-se com o pensamento do Partido Comunista Brasileiro (PCB), bem como com o do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), uma dissidência da Ação Popular (AP). À época, vigorava no país o período mais brutal da ditadura militar que depôs o presidente João Goulart. Com a imposição do Ato Institucional número cinco (AI-5), assinado pelo então presidente, general Arthur Costa e Silva, a população brasileira era privada da maior parte de suas liberdades e direitos individuais. Ao lado de outros companheiros comunistas que viviam na região do Bico do Papagaio – divisa tríplice entre Maranhão, Pará e o antigo território de Goiás, hoje Tocantins –, Epaminondas sentiria na carne as práticas mais cruéis do regime. Foi torturado, espancado e submetido a inúmeras sessões de choques elétricos. Primeiro, no extinto Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), no limite entre Pastos Bons e a cidade de Imperatriz (MA); mais tarde, numa penitenciária em Brasília.
Epaminondas morreu em 20 de agosto de 1971, aos sessenta e oito anos, treze dias após ser preso, acusado de subversão contra o governo brasileiro. Nos autos oficiais consta que o militante não resi
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »