Fetiche digital: sobre a função psicopolítica do ‘fascínio’

Fetiche digital: sobre a função psicopolítica do ‘fascínio’
(Arte Andreia Freire)
  O sucesso das redes sociais no mundo atual se deve a sua “promessa de felicidade”. Como meios de comunicação, de divulgação e difusão de informação, elas propõem “conexão total”. Amigos, amores, prestígios, encontros, revoluções são parte dessa oferta. E seria ótimo se fossem apenas isso. Em última instância, as redes sociais prometem aquele mesmo poder que jornalistas, escritores, estrelas de cinema, popstars e outras “pessoas influentes” tinham no mundo analógico. Infelizmente, uma outra e dupla função se esconde sob suas virtudes comunicacionais e suas potências articuladoras tão louvadas entre nós. As redes sociais podem parecer uma forma vazia a ser preenchida com um determinado conteúdo, que seria escolhido pelo cidadão-usuário. A verdade é que, desde que foi descoberto o funcionamento do “algoritmo”, esse cálculo que permite saber o que cada um pesquisa, compra, deseja e faz, o senso de liberdade nas redes vem sendo questionado. Desde que todos sabem que estão mapeados pelas empresas que comandam o terrirório da internet, a ideia de “livre-arbítrio” vem se esfacelando. Iludir e escravizar são funções do poder psicopolítico acobertadas nas redes. Há quem não goste desse raciocínio, vendo nele apenas um excesso crítico e pessimista. Apostam na liberdade humana, na autonomia do usuário. Ora, se o usuário é sujeito ou objeto das redes – e da internet como um todo –, é pergunta que só admite uma resposta “dialética”: é as duas coisas ao mesmo tempo. As redes se sustentam pelo trab

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