Livrar o passado de seu próprio exílio

Livrar o passado de seu próprio exílio
Mulheres no caracol Resistencia y Rebeldía por la Humanidad em Chiapas (Foto: Visual Search)
  “Uma das trapaças dos de cima é convencer os de baixo de que tudo aquilo que não pode ser conquistado rápida e facilmente não será conquistado nunca. Tentam nos convencer de que as lutas longas e difíceis só cansam e não chegam a lugar algum.” Essas são palavras do subcomandante Galeano (antigo subcomandante Marcos) em Contra a Hidra capitalista (n-1 edições). A afirmação do subcomandante Galeano se refere a uma característica própria às revoltas latino-americanas que se baseiam na insurreição de populações ameríndias e diz respeito à sua temporalidade específica. O caráter longo das lutas não está ligado apenas à dimensão tática, que consiste em não exatamente vencer uma sequência de batalhas, mas em acumular forças para liberar um território, criando uma zona autônoma que consegue durar desde 1994, quando ocorreu o levante de Chiapas, no mesmo dia em que se assinava o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta). O caráter longo das lutas está vinculado a uma operação tão importante quanto a de liberar um território, a saber, a liberação do tempo. Em um dos capítulos mais importantes de A experiência zapatista, Jérôme Baschet discorre sobre a necessidade de “outra gramática dos tempos históricos” a fim de pensar tais processos revolucionários. Algo que encontramos no prefácio de Mariana Lacerda e Peter Pál Pelbart ao falarem do contato com “palavras que nos parecem chegar de outro tempo”. A própria forma de denominação da insurreição diz muito a respeito desse tempo. Pois se trata de recu

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