Klein e a escuta clínica da infância

Klein e a escuta clínica da infância
Desenho de paciente não identificado de Melanie Klein, década de 1920-30 (Wellcome Collection)
  Embora seja difícil falar resumidamente da obra de Melanie Klein, é possível mostrar o ponto de ancoragem de suas pesquisas e elaborações teóricas. Melanie Klein começou sua primeira análise em 1912, com Sándor Ferenczi em Budapeste, e depois outra em Berlim, mais curta devido à morte prematura de seu analista, Karl Abraham. Ferenczi, sabemos, era algo iconoclasta, aberto a experimentações e de certa forma voltado ao que poderíamos chamar de “atenção à realidade psíquica”. Foi ele que incentivou Melanie Klein a dedicar-se à análise de crianças, atividade até então praticamente inexistente e, portanto, não codificada. O modelo vigente de psicanálise, quando Melanie Klein começou a tratar crianças, seguia os postulados freudianos. Em 1924, Abraham publicou o trabalho seminal A short study of the development of libido, viewed in the light of mental disorders . Nele, embora seguisse a temporalidade e a sequência das fases da libido propostas por Sigmund Freud, Abraham refinou a descrição desse desenvolvimento, conferindo-lhe características novas. Assim, ele propôs que a fase oral teria um primeiro tempo, de sucção, no qual o bebê coloca o objeto para dentro de si, guardando dessa forma, com o próprio objeto, aquilo que ele lhe ofereceu. Com a emergência da dentição, sucede-se à primeira fase outro gênero de oralidade, de caráter agressivo, destrutivo, canibalístico, no qual o objeto que provoca frustração é atacado e, desse modo, deformado e em seguida incorporado. A fase anal também é concebida em dois tempos,

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