João Ubaldo diz não gostar de Guimarães Rosa

João Ubaldo diz não gostar de Guimarães Rosa

Marília Kodic

Na mesa mais cheia e umas das mais aplaudidas da 9ª FLIP, ocorrida na tarde deste sábado, o escritor João Ubaldo Ribeiro – que boicotou o evento em 2004, alegando ter pouco espaço em relação aos autores estrangeiros – mostrou-se pouco otimista quanto à humanidade. “Somos uma especiezinha muito criticável. Somos todos uma contradição imensa. Nossa ruindade animalesca prevalece, apesar da racionalidade”, disse, argumentando que, naquele momento, havia algum ser humano estrangulando outro.

Dentre as inúmeras anedotas que valeram  risos do público, que o aplaudiu de pé ao final, estava a dos “dois “Ubaldos”: “O grande Ubaldo é um sujeito inteligente, simpático, educado, sem grandes neuroses, afável, solidário. Uma pessoa excelente. O pequeno Ubaldo é um canalha que vive me perseguindo e que eu já tentei botar pra fora de casa várias vezes. Ele não vai. (…) Tá aqui agora, do meu lado”, brinca.

Ao ser indagado sobre a inluência de Guimarães Rosa, Ubaldo ousou ao revelar seu desinteresse pela obra do escritor. “Ele não está entre os autores de meu afeto. Não está mesmo. Não no sentido de que o ache um autor inferior ou secundário, mas que não me fala”, diz, redimindo-se em seguida: “Pelo amor de Deus, lembrem que eu tentei distinguir a minha idiossincrasia pessoal, que meu santo não casa com o dele, e a avaliação que eu faço da sua importância na literatura brasileira”.?

(3) Comentários

  1. Isso deve ser muito incompreensível para uma plateia que lê porque está no cânone, e porque o Antonio Candido disse que é bom; não porque tenha estabelecido uma relação intelectual íntima com a obra. São esses, a maioria dos que vão à FLIP.

  2. É isso aí. Gosto pode até ser discutido, mas não se muda por obrigação. Se ele não gosta, que não goste; mas deixou bastante claro que sua opinião não muda a importância do velho Guima.

    Queria estar na FLIP!

  3. Uma heresia do Ubaldo!… rsrs… Bobagem, também tenho disso, grandes escritores que simplesmente não me dizem nada. Não é que não sejam grandes. São grandes! Só não me tocam. O Jorge de Lima, por exemplo. Um poeta muito bom tecnicamente, sem dúvida. Mas quando leio, nada. O Eça também não me comove. Fazer o quê?

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